Familiares e amigos se despedem de Francisco Galeno

O velório do artista plástico Francisco Galeno, ocorreu no início da tarde desta quinta-feira (05/06), na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima. Repleto de simbolismo e emoção, o último adeus à Galeno, contou com a presença de familiares, amigos, artistas e fãs de seu trabalho. Entre tantas obras, o artista é responsável pelos famosos painéis no interior da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, em Brasília.

Conhecido em todo país por seus trabalhos, o artista plástico deixou o mundo das artes em luto na última segunda-feira (02/06). Aos 69 anos, Galeno foi encontrado sem vida em seu ateliê, em Parnaíba-PI. Segundo informações de seus familiares, ele estava com dengue, que teria evoluído para hemorrágica, o que pode ter sido a causa da morte do artista.

A missa de corpo presente do artista plástico começou por volta de 14h, no local onde ele se consagrou com a pintura dos paineis em seu estilo próprio. Durante a despedida, estavam presentes o pai do artista, Artur Pereira de Carvalho, além dos filhos de Galeno. Também passaram pelo local grandes nomes das artes em Brasília, como Nicolas Behr, e o cineasta Marcelo Díaz. 

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Foto: Tereza Neuberger

A secretária de estado da mulher, Giselle Ferreira, tinha grande estima pelo artista e também passou pela cerimônia para se despedir. Também passou pela cerimônia a ex- primeira dama do DF, Mariane Vicentini, para se despedir do amigo de longa data. Representando a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, Amauri Pessoa foi até o velório para prestar sua última homenagem.

O corpo de Galeno deixou a Igrejinha por volta de 14h40, carregado pelos filhos do artista. Em seguida, foi transportado para o cemitério Campo da Boa Esperança, onde foi sepultado na Ala dos Pioneiros.

Apesar de sua postura mais reservada, Galeno fez muitos amigos e admiradores ao longo da vida. Durante o velório, houve a distribuição do filme “Galeno, Curumim arteiro”, em que o cineasta Marcelo Díaz, retrata a história e origem do artista, capturando a raiz e essência de suas obras.

Aos 91 anos, Artur estava visivelmente emocionado, não só em se despedir prematuramente do filho, mas também com o legado que Galeno deixou no mundo artístico.

“ Ele falou pra mim: papai nesse começo de junho eu chego aí, mas chegou foi a notícia da partida dele. Éramos muito parceiros, ele gostava muito de mim. Quem fazia as molduras dele era eu“, conta emocionado Artur Pereira. 

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Foto: Tereza Neuberger

O filho, João Galeno, morava em Brazlândia-DF com o pai e era o braço direito do artista. Ao se despedir, João não conseguiu definir em palavras a grandiosidade do legado de seu pai, e falou sobre o privilégio de estar ao lado dele em seu ateliê. 

“Ter acompanhado ele de perto foi um privilégio para poucos. Acho que muita gente queria ter estado em meu lugar. Poder ter acompanhado sempre que possível vê-lo pintando um quadro.”, conta João.

Galeno estava em plena atividade quando partiu. Segundo seu filho João, os próximos dois anos seriam de grandes projetos. O artista se preparava para duas exposições nos próximos anos. 

Um dos filhos do artista, Pedro Manuel Galeno Cunha, seguiu os passos do pai como pintor. Apesar da tristeza com a partida da figura paterna, afirmou que continuará pelo caminho das artes e honrará o legado de Galeno. Já Lucas Galeno, também filho do artista, relembrou as visitas à Parnaíba, onde reconhecia os elementos retratados nas obras do pai. Ele acrescentou que apesar da dor da perda, é bonito ver a marca que Galeno deixou nas artes.

“ Meu pai gostava de ser simples, e cultivar um estilo de vida como qualquer pessoa comum. Apesar da grandiosidade da sua história, isso nunca subiu à cabeça”, relata Lucas.

O curador Rogério Carvalho, que propôs ao artista a pintura dos paineis da Igrejinha, destacou que recentemente Francisco Galeno atendeu a um pedido dele, e doou uma obra recentemente ao Palácio do Planalto, intitulada “As quatro estações”.

“ Pra mim é uma perda grande, que é um amigo que se vai. Mas também é uma perda grande, porque a cidade fica mais triste com menos cor.”, ressaltou Rogério.

Pioneira em Brasília, Natanry Osório, destacou o quanto foi simbólico o velório do artista ter se realizado na Igrejinha, onde ele deixou sua marca como artista.

“Isso é uma demonstração clara do valor da arte, da arte como algo que transcende a nossa humanidade”, afirma Natanry.

Radicado em Brazlândia, Distrito Federal, o artista nasceu em 1957, em Parnaíba-PI, numa família de artesãos. O pai era pescador e fabricava canoas, a mãe era costureira e fazia rendas. Seu avô era vaqueiro e preparava selas e arreios de couro. Galeno resolveu pintar e passou a frequentar exposições nas galerias, a olhar revistas e a pesquisar em livros, arriscando as cores.

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