Guilherme Sigmaringa é eleito, em primeiro turno, presidente do PT-DF até 2029

Cerca de 30 mil militantes do Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal (PT-DF) foram às urnas, neste domingo (6), para escolher o novo comando regional e nacional da sigla, por meio do Processo de Eleição Direta (PED). As eleições, nas 24 zonais, correram de forma tranquila e elegeram para presidente da legenda, até 2029, Guilherme Sigmaringa Seixas. O anúncio oficial será feito pelo diretório nesta segunda-feira (7).

Com presença forte de filiados em várias regionais, o pleito chegou a ter mais de 1 mil votos em Planaltina, 780 em Ceilândia, 612 no Plano Piloto e 466 em Taguatinga. Segundo a própria direção partidária, reflexo do crescimento da extrema direita no país e da recuperação local do PT no Distrito Federal, nas eleições de 2022, apesar da baixa adesão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.

O novo presidente Guilherme Sigmaringa nunca disputou cargos eletivos antes. O candidato vem de uma família com forte histórico político e jurídico. Ele é neto de Antonio Carlos Sigmaringa Seixas, um advogado renomado localmente, e filho de Luiz Carlos Sigmaringa, ex-deputado federal e considerado um dos petistas locais com maior proximidade ao ex-presidente Lula.

Seu pai, Luiz Carlos Sigmaringa, conhecido como “Sig”, tinha grande influência em Brasília e era reconhecido por sua participação na indicação de diversos ministros de tribunais superiores, mesmo sem nunca ter ocupado funções na hierarquia partidária antes de falecer em 2018, como definiu a coluna Do Alto da Torre, do jornalista Eduardo Brito.

Unidade

Distrital de primeiro mandato, mas filiado ao PT-DF há quase duas décadas, o deputado Gabriel Magno falou sobre a necessidade de unidade do partido, especialmente para as próximas eleições gerais e locais em 2026. “Ter muitos candidatos é bom. Faz parte da história do PT e o partido lida bem com essas questões. Precisamos, após o pleito, formar consenso. Nas eleições passadas, o [presidente] Lula só ganhou na Asa Norte, por isso temos a necessidade de construir uma frente ampla.”

Sem governar o Distrito Federal desde a derrota de Agnelo Queiroz, que não foi ao segundo turno em 2014 mesmo disputando a reeleição, o PT-DF quer formar uma chapa com partidos aliados e candidatos fortes contra o grupo do atual governador Ibaneis Rocha (MDB) e de sua possível sucessora, a vice-governadora Celina Leão (PP).

“O PT precisa construir uma chapa competitiva em uma frente contra o governador Ibaneis, que vem se declarando de direita. Para a direção, temos dois consensos: independentemente do resultado é que o PT precisa ter uma identidade política. Tínhamos a disputa para saber se iríamos para o centro ou mais para a esquerda. Defendo que temos que ir para a esquerda e não para o centro. Se o PT minimizar seu discurso perde a sua história. O Brasil precisa de um partido de esquerda. No DF, precisamos disso contra a oligarquia de direita que o Ibaneis está montando em sua chapa.”

Candidato ao governo

Pré-candidato à Câmara dos Deputados, o distrital mais longevo da Câmara Legislativa, Chico Vigilante, afirma que o PT-DF terá um nome petista para concorrer ao Palácio do Buriti, em 2026. Segundo o decano da CLDF, há nomes à disposição no partido, como o ex-deputado federal Geraldo Magela; a ex-reitora da UnB Márcia Abrahão; Leandro Grass, atualmente no Partido Verde; e o próprio Chico Vigilante.

“Com os ataques da extrema-direita, a militância voltou a se unir e foi em peso às urnas para eleger a nova diretoria. A militância petista sentiu a necessidade de reagir às ameaças que têm ocorrido”, destacou Vigilante.

Legado

Há seis anos no cargo, Jacy Afonso deixa a presidência regional do PT-DF para “descansar”. O comandante da maior sigla do Distrito Federal afirmou ao Jornal de Brasília que não tem interesse em participar da nova direção após passar por momentos difíceis à frente do partido. 

“Agora vou cuidar de outras coisas. Estive por seis anos na presidência. Passei pela prisão do Lula, uma pandemia [de covid-19]. Não quero assumir cargos. Vou ficar na minha regional e cuidar de outras coisas”, afirma Jacy. 

Entre suas principais ações durante as duas eleições em que esteve na presidência, o militante de longa data afirma que a recuperação do partido foi sua maior marca. “O processo eleitoral interno é um momento de diálogo e escuta da militância, para aprofundarmos, com os filiados, o debate político.” E continua: “O PT está preparado para fazer o enfrentamento político. Viemos em um processo de recuperação, depois da derrota de 2014, melhoramos em 2018 e nos recuperamos bem em 2022. Aumentamos nossa bancada na Câmara Legislativa, por pouco não elegemos uma segunda deputada federal com a Ruth Venceremos. Tenho muita expectativa de que a Érika vença para o Senado contra o Ibaneis”, conclui.

Estavam na disputa cinco candidato — após a desistência de Antônio Sabino —, eram eles: 

  • O ex-coordenador do diretório acadêmico da Universidade de Brasília (UnB) Hélio Carvalho; 
  • A administradora e candidata a suplente ao Senado Mariana Rosa; 
  • A ex-deputada distrital, ex-diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro) e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-DF) Rejane Pitanga; 
  • Saulo Antônio Dias dos Santos: secretário nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT Saulo Dias; 
  • E o próprio Guilherme Sigmaringa Seixas, que venceu a disputa.

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