Reajuste de 2,9% nas passagens de ônibus do Entorno do DF entra em vigor nesta terça-feira

A partir das 00h desta terça-feira (23/09), as passagens de ônibus semiurbanos que ligam cidades do Entorno ao Distrito Federal terão um reajuste de 2,919%, aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A medida, que já havia sido adiada duas vezes desde fevereiro, foi oficialmente confirmada após o prazo final para definição pelos governos do DF e de Goiás expirar nesta segunda-feira (22).
A ANTT informou em nota que, apesar do esforço de sete meses em diálogo contínuo e reuniões semanais para apoiar a constituição do consórcio interfederativo para gestão compartilhada dos contratos, não recebeu a versão final assinada do protocolo por parte dos governos do DF e de Goiás. “Diante deste cenário, não há fundamentação para novo adiamento da recomposição tarifária”, explicou a agência, ressaltando que o reajuste é um direito assegurado às transportadoras e essencial para manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos e a prestação contínua do serviço à sociedade. A reportagem buscou a Secretaria de Entorno do DF para repercutir o assunto mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
O reajuste impacta diretamente os principais trechos do transporte interestadual. A passagem de Planaltina (GO) para Brasília sobe para R$ 11,35, enquanto de Sobradinho (DF) a Planaltina (GO) o valor será de R$ 7,45. Outros trajetos incluem Formosa (GO)–Planaltina (DF) a R$ 8,00, Luziânia–Brasília a R$ 10,70, e Valparaíso de Goiás com tarifas entre R$ 5,05 (até o Gama) e R$ 9,15 (até Taguatinga). Em Águas Lindas de Goiás–Brasília, o novo valor será de R$ 11,15, e Lago Azul (Novo Gama)–Brasília chega a R$ 12,05, uma das tarifas mais altas do sistema.
Passagem na catraca
No cotidiano de quem depende do transporte, o aumento é motivo de preocupação. Moradora de Águas Lindas, Eliete Gonçalves, de 33 anos, trabalha com serviços gerais em Brasília e relata a dificuldade financeira. “Pesa no meu bolso porque, mesmo que a empresa mude e venha melhorias, acaba desestimulando pelo valor da passagem. Para mim, R$ 8 seria mais viável. Hoje saio de casa às 4h30 da manhã e chego no DF entre 6h e 6h40. E ainda tem ônibus que quebra no caminho”, relata.

Tatiana Ramos da Silva, de 34 anos, moradora de Luziânia, também critica a infraestrutura precária e a escassez de linhas. “Os ônibus passam de hora em hora, lotados e quebrando direto. O aumento para R$ 10,70 ou R$ 12,05 pesa muito no nosso bolso e ainda pode afetar nosso emprego, porque as empresas preferem trabalhadores do DF, onde a passagem é mais barata”, declarou.
João Batista de Oliveira Cunha, de 54 anos, de Planaltina (GO), reforça a sobrecarga enfrentada pelos passageiros. Ele comenta ao JBr que os ônibus não chegam até o bairro onde mora. “Temos que andar até a parada mais próxima. Chego a pegar ônibus às 4h da manhã e, ainda assim, não consigo assento. A passagem está cara e não ha melhoria na infraestrutura.

Em Valparaíso de Goiás, Fernando Ferreira dos Santos, bitoneiro de obra, comenta:“Agora pago R$ 7,60, mas com o reajuste vai para R$ 9,15. É muito e pesa no bolso de todos nós do entorno. Os ônibus são lotados, quebram frequentemente, e a mobilidade é ruim”, aponta.

Já Anilson José, de 43 anos, cozinheiro em Brasília e morador de Planaltina de Goiás há 35 anos, afirma não criar expectativa com o consórcio interfederativo. “É bem-vindo, mas a população já não tem mais expectativas, a passagem do Entorno é o dobro do DF, não há integração adequada, e sempre somos os mais prejudicados”, declara. A ANTT reforça que permanece engajada nas tratativas para criação do consórcio interfederativo e futura delegação do sistema, mas o reajuste de 2,919% segue garantido e deve ser aplicado integralmente a partir de amanhã.
