Cobrança por estacionamento começa na Rodoviária

Por Daniel Xavier
daniel.xavier@grupojb.com

Neste ultimo domingo (6/7), os motoristas que utilizam as imediações da Rodoviária do Plano Piloto, no centro de Brasília, passaram a pagar pelo estacionamento. A cobrança teve início nas vagas próximas ao Conic e na plataforma superior voltada para o Setor de Diversões Sul, com valor fixado em R$ 7 por hora.

A medida faz parte da concessão do terminal à iniciativa privada. Desde 1º de junho, a gestão do espaço está sob responsabilidade do Consórcio Catedral, que administra agora 2.902 vagas distribuídas nas plataformas superior e inferior da rodoviária. A concessão, válida por 20 anos, prevê uma série de investimentos em infraestrutura e modernização do local.

Segundo a concessionária, os preços foram definidos com base em estudos técnicos e comparações com os valores praticados em áreas centrais da capital. A tarifa mais alta será de R$ 12 por hora, aplicada às vagas localizadas na parte posterior do terminal, próximo ao Conjunto Nacional. As demais áreas terão a cobrança implantada de forma escalonada, com aviso prévio à população.

Segurança, organização e modernização

Para Cauã Martinho Ribeiro, de 21 anos, vendedor na loja TK Acessórios, localizada dentro da rodoviária, a cobrança pode trazer melhorias se for acompanhada de mudanças reais. “Se for para ter algum benefício, como segurança e mais organização, aí sim. Aí é válido. Agora, se for só para cobrar e não tiver melhoria nenhuma, não adianta”, afirmou. Morador de Samambaia, Cauã trabalha há quase um ano no local e destaca o fluxo intenso de pessoas e veículos. “É bem transitado aqui. Se for para melhorar o estacionamento e trazer mais segurança, pode ser bom sim”, comenta.

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Foto: Daniel Xavier/ Jornal de Brasília

Quem também apoia a privatização e a cobrança é Wesley Pereira Vieira, de 44 anos, taxista há duas décadas na região da rodoviária. Ele acredita que a iniciativa pode preservar o local e melhorar o trânsito, mas faz um alerta às autoridades e à concessionária. “A privatização estava mesmo precisando. Isso aqui é um patrimônio, é o cartão postal de Brasília. Agora, com a empresa terceirizada, só o tempo vai dizer. Se for para melhorar, tudo bem. Vamos ver de hoje em diante como vai ser essa mudança, que seja para melhor”, afirmou.

Segundo Wesley, a cobrança só se justifica se for acompanhada de melhorias reais. “As autoridades e a concessionária precisam fazer a parte delas. O espaço é público, é de todos. Não adianta cobrar se não tiver retorno para a população”, pontua. Ele ainda defende que a medida pode contribuir para a fluidez do tráfego na região central. “O trânsito de Brasília é um dos melhores do Brasil, devemos manter esse papel. Quem já viajou para São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro ou Goiânia sabe como o trânsito lá é difícil. Aqui, um engarrafamento de meia hora já vira problema”, finaliza Wesley.

Investimentos previstos

A cobrança é parte de um pacote de ações para revitalizar a rodoviária, uma das mais movimentadas do país. No primeiro mês de gestão, o Consórcio Catedral iniciou serviços como a manutenção de escadas rolantes e elevadores e ativou o Centro de Controle Operacional (CCO), que conta com 62 câmeras e sistema de reconhecimento facial para reforço na segurança.

O contrato de concessão, aprovado pela Lei Distrital nº 7.358/2023 e sancionado em janeiro pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), tem valor estimado em R$ 119,7 milhões (com base em dados de 2019). A empresa deverá investir R$ 54,9 milhões na reforma da rodoviária, com prazo de execução de até quatro anos. Só nos três primeiros anos, serão R$ 57,7 milhões aplicados em obras e modernizações.

A modernização dos estacionamentos, incluindo o novo sistema de cobrança, está orçada em R$ 7 milhões e deverá ser concluída em até dois anos. A operação será automatizada, com totens de autoatendimento na plataforma superior e pagamento via cartão de débito, crédito, Pix ou pelo aplicativo Atlas Park. Todos os veículos estacionados terão seguro incluso, segundo a concessionária.

Privatização da Rodoviária

Os vendedores ambulantes que ocupavam provisoriamente o estacionamento superior da Rodoviária do Plano Piloto foram realocados de forma definitiva para dois pontos no Setor Comercial Sul, a Praça Central, atrás do Posto Policial, e a área ao lado da Praça dos Artistas, ambos na Quadra 5. A mudança ocorre após a transferência da administração da rodoviária.

A decisão, segundo a administração do Plano Piloto, foi tomada após diálogo e análise técnica, embora os ambulantes critiquem a falta de transparência nas negociações.

Para atuarem no novo espaço, os vendedores precisam de licença da administração regional. Dos 132 ambulantes identificados, apenas 62 estavam regularizados.

Os demais devem buscar regularização para obter o direito de trabalhar no Setor Comercial Sul. A taxa de ocupação caiu de R$ 23 para R$ 10 mensais, em razão da redução do espaço disponível. O local provisório na rodoviária será desmontado nos próximos dias.

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