Corrida de São Silvestre atinge 100ª edição com recorde de 50 mil atletas
A Corrida Internacional de São Silvestre, uma das mais tradicionais do Brasil, chega à sua 100ª edição em 2025, marcando um recorde histórico com mais de 50 mil inscritos. Fundada pelo jornalista Cásper Líbero após se inspirar em uma prova noturna em Paris, a competição estreou em 31 de dezembro de 1925, com 48 participantes largando do Parque Trianon, na Avenida Paulista. O percurso de 8,8 km pelas ruas da cidade foi vencido por Alfredo Gomes em 23 minutos e 19 segundos, tornando-se o primeiro negro a representar o Brasil em uma vitória emblemática.
Inicialmente restrita a brasileiros, a São Silvestre abriu-se para estrangeiros radicados no país em 1927 e tornou-se internacional em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial. O italiano Heitor Blasi foi o único não brasileiro a vencer na fase nacional, em 1927 e 1929. No período inicial internacional, atletas sul-americanos dominaram, mas a prova só permitiu participantes globais em 1947. Foi um marco de 34 anos sem vitórias brasileiras no masculino até 1980, quando o pernambucano José João da Silva quebrou o tabu, emocionando o público e parando o país como uma final de Copa do Mundo.
No feminino, a participação começou em 1975, vencida pela alemã Christa Vahlensieck. Destaque para a portuguesa Rosa Mota, maior vencedora com seis triunfos consecutivos nos anos 1980. Entre brasileiros, Marilson Gomes dos Santos lidera com três vitórias (2003, 2005 e 2010), seguido por Maria Zeferina Baldaia, que conquistou o título em 2001 após uma vida humilde como boia-fria em Sertãozinho (SP). Zeferina, que correu descalça por 15 anos, inspirou-se em Rosa Mota e hoje motiva gerações, com um centro olímpico em sua homenagem.
Desde 1945, brasileiros somam 16 vitórias: 11 no masculino e cinco no feminino. A última no masculino foi de Marilson em 2010, e no feminino, de Lucélia Peres em 2006. A prova, interrompida apenas em 2020 pela pandemia de covid-19, é conhecida por sua democracia: largadas em ondas para elite feminina (7h40), masculina (8h05), PCDs e amadores, além da São Silvestrinha para crianças no Centro Olímpico do Ibirapuera.
Eric Castelheiro, diretor-executivo da corrida, enfatiza o caráter inclusivo e inspirador do evento, que transforma vencedores em heróis acessíveis e promove a conexão com o espaço público de São Paulo. Atletas como Marilson destacam a energia única da prova no último dia do ano, vista como o desafio definitivo. Um programa especial da TV Brasil, ‘Caminhos da Reportagem – 100 Vezes São Silvestre’, exibe a história na segunda-feira (29), às 22h30.