Lian Gong: prática chinesa ajuda a aliviar dores no DF

Para reduzir filas, aliviar dores crônicas e promover o autocuidado, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) capacitou 30 profissionais da rede pública em Lian Gong em 18 terapia, prática chinesa que integra movimento corporal, respiração e foco mental. A formação, realizada ao longo de junho no Centro de Referência de Práticas Integrativas de Planaltina (Cerpis), foi voltada principalmente a agentes comunitários de saúde da Região Norte.

Oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006 e aplicado no DF desde 1998, o Lian Gong é considerado uma tecnologia leve de cuidado em saúde. “O curso de capacitação colabora para o aumento da oferta e ampliação do acesso a esta tecnologia de saúde aos usuários do SUS e também como um cuidado aos próprios servidores”, explicou a pasta.

A formação foi promovida pela Gerência de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF em parceria com a Escola de Saúde Pública do DF (ESPDF) e com o apoio da Diretoria Regional de Atenção Primária à Saúde da Região Norte (DIRAPS). O objetivo é formar facilitadores da técnica para atuação dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “Por ser uma atividade coletiva, um único profissional ou uma dupla de profissionais atende várias pessoas ao mesmo tempo, otimizando recursos humanos e reduzindo filas e sobrecarga no sistema. Ao incentivar o autocuidado, promove a autonomia do paciente sobre seu processo de saúde”, destacou a SES.

O que é o Lian Gong?

Para a fisioterapeuta Patrícia Falcão, referência técnica distrital em Lian Gong, a prática vai além de uma atividade física comum. “O Lian Gong em 18 terapias é uma prática corporal terapêutica baseada na medicina tradicional chinesa, mas que conversa com os saberes da medicina moderna. São 54 exercícios organizados em 3 partes. Os movimentos são contínuos, coordenados com a respiração, sem impacto, e têm um efeito profundo sobre o corpo e a mente”, explica.

Patrícia reforça que, apesar da origem oriental, a técnica é incorporada de forma estruturada na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS desde 2006, e integra a Política Distrital desde 2014. “Não se trata de uma ginástica recreativa. É uma tecnologia leve, indicada para todas as idades e parte do cuidado integral oferecido pelo SUS”, pontua.

Segundo a especialista, o Lian Gong é indicado para diversos públicos, especialmente pessoas com dores crônicas como lombalgia, artrose e cervicalgia; idosos com fragilidade ou risco de quedas; jovens com dores musculares; pacientes com insônia, estresse, ansiedade leve; e pessoas com doenças crônicas controladas, como hipertensão e diabetes. “Não é exclusiva para idosos, como muitos pensam. Pode ser adaptada a diferentes faixas etárias e condições de saúde”, afirma.

Entre as principais indicações estão dores musculoesqueléticas em ombros, pescoço, coluna e joelhos; disfunções respiratórias leves, como asma e bronquite; além de quadros de estresse, insônia, ansiedade e até hipertensão leve. Embora seja considerada segura, há algumas contraindicações. “Não deve ser realizada por gestantes nos 3 primeiros meses de gravidez, nem por pessoas com febre ou doenças contagiosas no momento da atividade”, orienta Patrícia.

Ela explica ainda que os grupos de Lian Gong costumam ter horário fixo semanal, o que facilita a participação regular da comunidade. Na Atenção Primária, a prática ocorre principalmente nas UBSs, mas também pode ser realizada em quadras, praças, escolas ou outros espaços acessíveis. “Nas unidades da atenção secundária, como CAPS e Policlínicas, a prática é oferecida para pacientes que já estão regulados dentro daquele lugar. Já na UBS, o acesso é livre e direto”, pontua.

Patrícia ressalta a importância de reconhecer o Lian Gong como prática oficial do SUS, com base em evidências científicas e respaldada pelas diretrizes nacionais de saúde. “A implementação dos grupos de Lian Gong como atividade coletiva representa um avanço estratégico no cuidado integral e territorial em saúde. Ela está dentro das diretrizes do SUS e tem evidências científicas”, frisou.

Bem-estar

Facilitadora da prática há quase seis anos, Janine Batista, 48 anos, conheceu o Lian Gong em 2010, por meio de um curso de capacitação divulgado no site da Secretaria de Saúde. Moradora de Águas Claras, ela não apenas passou a praticar regularmente, como também conduz os grupos de pacientes na unidade onde atua. “O Lian Gong com certeza oferece benefícios à minha saúde. Sinto mais disposição, calma e percebo redução nas dores musculares, nos tendões e articulações”, relata.

Janine destaca que os facilitadores seguem em constante aprendizado. “Como facilitadores somos alunos também, pois temos aulas periódicas para se manter preparados para repassar para os pacientes”, explica.

A prática do Lian Gong é oferecida de forma gratuita em 10 unidades da rede pública de saúde do Distrito Federal. Não é necessário encaminhamento médico para participar, nem há filas ou exigência de critérios específicos. As atividades acontecem em grupo, com horários fixos definidos por cada unidade de saúde.  Para mais informações sobre locais e horários da prática, acesse o site da Secretaria de Saúde do DF.

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