Mais jovens recorrem ao DIU no Distrito Federal

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O número de inserções de dispositivo intrauterino (DIU) na rede pública do Distrito Federal mais que dobrou em três anos, saltando de 3,7 mil em 2022 para 6,2 mil em 2024, com 5,4 mil procedimentos já registrados apenas até agosto deste ano. O crescimento acompanha a ampliação da oferta nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), mas a realidade das pacientes ainda revela contrastes: enquanto algumas enfrentam meses de espera, outras relatam acolhimento e agilidade, como mostram as histórias das estudantes Laura Gomes e Amanda Ferreira.

Aos 23 anos, Laura decidiu colocar o DIU como método contraceptivo mais seguro. Moradora do Guará, ela buscou o Hospital Regional da cidade, mas viu o processo se arrastar por mais de um ano. “O atendimento foi péssimo. Esperei seis meses para o resultado do exame preventivo e mais de um ano para a inserção do DIU, porque alegavam falta de médicas ginecologistas”, relata. Foram quatro tentativas frustradas até desistir. “Uma vez, marcaram para as 8h. Saí por alguns minutos para imprimir exames e, quando voltei, já não encontrei a médica”, conta.

A situação mudou quando recebeu a indicação do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Lá, em apenas um mês, realizou o procedimento com acompanhamento atencioso. “Foi excelente, esclareceram todas as dúvidas e a médica teve carinho durante a colocação. Além disso, mantive contato direto com a equipe pelo WhatsApp, sempre pronta a responder”, afirma. Apesar das cólicas e do sangramento intenso nos primeiros dias, ela diz ter encontrado segurança com o método.

A estudante Amanda Ferreira, 25, também recorreu ao DIU de cobre. O procedimento foi realizado em fevereiro de 2023, no Posto de Saúde do Guará, após cinco meses de espera pelo agendamento. A experiência, segundo ela, foi marcada pela dor durante a colocação. “Foi a pior dor da minha vida. Acho que deveria ter anestesia, porque doeu muito”, lembra. Ainda assim, considerou a escolha positiva. “Eu indico, sim. O DIU é ótimo, e a gente tem que aproveitar que o SUS fornece esse recurso”, avalia.

A recomendação do método, segundo profissionais da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), vale para mulheres que já iniciaram a vida sexual, a partir dos 14 anos, com ciclo menstrual regular e sem fluxo intenso. Além de ser indicado para quem esquece de tomar pílula ou não deseja depender de medicações contínuas, o DIU pode ser inserido até no pós-parto imediato, ainda na maternidade, como forma de prevenir gestações não planejadas logo após o nascimento do bebê.

Atualmente, mais de 130 UBSs do DF oferecem o serviço. Para ter acesso, basta procurar a unidade de referência do próprio endereço, que pode ser identificada no site Busca Saúde UBS. Além do DIU, a rede disponibiliza gratuitamente outros métodos contraceptivos, como pílulas e injeções anticoncepcionais, preservativos masculinos e femininos, pílula de emergência, diafragma, laqueadura e vasectomia — todos com acompanhamento das equipes de Saúde da Família.

Os dados da SES-DF mostram que, entre 2022 e 2025, houve aumento contínuo de inserções: 3.742 em 2022, 5.190 em 2023 e 6.283 em 2024. Até agosto deste ano, já foram 5.492 inserções. A maior procura está entre mulheres de 20 a 29 anos, e as regiões com mais registros são Ceilândia, Planaltina e Santa Maria.

Na rede pública, está disponível o DIU de cobre T380, com eficácia de 99%. O método é especialmente indicado para mulheres que não podem utilizar hormônios, como hipertensas, diabéticas, tabagistas acima de 35 anos e lactantes.

Embora os números revelam a expansão do acesso, os relatos mostram que o desafio ainda é garantir equidade no atendimento. Mesmo nesse cenário, a procura pelo DIU no SUS evidencia o interesse das mulheres, sobretudo das mais jovens, em buscar formas seguras de prevenção.


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