Operação desmantela esquema bilionário de golpe do falso investimento

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou nesta quarta-feira (3/9) a Operação EBDOX, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em golpes de falso investimento. A ação foi coordenada pela 17ª Delegacia de Polícia e pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), ligada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DECOR), e contou com apoio operacional das polícias civis de Roraima, Bahia, Mato Grosso e São Paulo.

As investigações começaram em abril de 2024, após diversas vítimas do Distrito Federal relatarem ter sido enganadas em grupos de WhatsApp. Os criminosos se apresentavam como especialistas em economia, chegando a usar a falsa credencial de doutorado pela USP para atrair credibilidade. Após conquistar a confiança dos participantes, eles indicavam uma plataforma de investimentos chamada EBDOX, prometendo altos retornos financeiros.

No início, os depósitos eram realizados dentro da plataforma. Entretanto, quando as vítimas tentavam sacar os valores, eram informadas sobre um suposto bloqueio judicial, que só seria liberado mediante o pagamento de uma caução de 5%. Mesmo após a quitação, o dinheiro não era liberado e a plataforma saiu do ar. Uma única vítima, moradora de Taguatinga (DF), teve prejuízo superior a R$ 220 mil. Em um site de reclamações, há mais de 400 queixas relacionadas à fraude.

Segundo a PCDF, a investigação revelou que o grupo era comandado por criminosos de nacionalidade chinesa, que viviam na região central de São Paulo e recrutavam brasileiros para administrar os grupos de WhatsApp. Esses intermediários seguiam uma estrutura rígida e se comunicavam com os líderes por meio de mensagens em chinês, recebendo pagamento em criptomoedas.

Os valores obtidos eram lavados por meio da compra de criptomoedas, créditos de carbono e exportação de alimentos de Boa Vista (RR) para a Venezuela. Apenas uma das empresas ligadas ao esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão no ano passado.

Na ação desta quarta-feira, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária em São Paulo (SP), Guarujá (SP), Boa Vista (RR), Curitiba (PR), Dourados (MT) e Entre Rios (BA). A Justiça também determinou o sequestro de valores e bens.

Os investigados responderão por estelionato eletrônico, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a mais de 20 anos de prisão.


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