Operação remove habitações do Setor de Inflamáveis

Por: Késia Alves e Suzano Almeida
A pedido da Defesa Civil, Órgãos do Governo do Distrito Federal realizam, nesta segunda-feira (5), a remoção de 44 famílias que moram no Setor de Inflamáveis. De acordo com o órgão em seu parecer, a manutenção das moradias pode causar risco de explosão.
As moradias ficam na chamada Rota de Fuga e estão no local há anos, o que dificultou o início do trabalho de remoção da Secretaria de Proteção da Ordem Pública (DF Legal) e da Polícia Militar.
Antes da operação, moradores chegaram a atear fogo em matérias, na tentativa de impedir o avanço das equipes. Após as chamas serem controladas, foi dado início à operação sem confronto.
Ao Jornal de Brasília, o subsecretário da Defesa Civil Sandro Gomes afirmou que existe um risco no local devido ao acúmulo de materiais recicláveis juntados pelos moradores.
“Estamos preocupados com a segurança dessas pessoas, pois aqui passa um gasoduto, da linha férrea e próximo a uma empresa de armazenamento de combustoveis.”
Ainda de acordo com ele, o relatório teria sido iniciado em 2019, mas somente agora foi possível realizar a retirada.
Notificações
Segundo informações, foi entregue pela Defesa Civil um termo de notificação e orientação, em setembro de 2024, para que as famílias saíssem. Com a negativa, em março de 2025, a DF Legal entregou intimações demolitórias, o que culminou na operação desta segunda-feira.
Segundo ativistas e representantes de parlamentares no local, membro da Câmara Legislativa haviam pedido mais prazo para que as famílias fossem retiradas.
Uma das alternativas seria a concessão de novas casas para que elas pudessem ser realocadas. Eles afirmam, ainda, que o valor de R$ 600 do auxílio-moradia não é suficiente para cobrir os custos com aluguel.
Caso parecido
A operação do GDF tem como objetivo evitar a possibilidade de uma tragédia maior. Na história do Brasil, um caso parecido ocorreu em 1984, mais precisamente no dia 24 de fevereiro, quando um vazamento de gasolina em um oleoduto da Petrobras provocou um incêndio que causou uma tragédia na Vila Socó, em Cubatão. A vila era feita de palafitas e foi consumida pelas chamas. Oficialmente, 93 corpos foram encontrados, contudo, estimativas dos moradores que sobreviveram e de entidades que representam as famílias afetadas apontam que o número de mortos pode ter chegado a mais de 500 pessoas.
A causa do acidente foi uma sobrepressão em uma tubulação que não suportou a pressão. Com isso, cerca de 700 mil litros de gasolina foram liberados no mangue. Cerca de duas horas após o vazamento, o produto inflamou e causou o incêndio. Além de perderem suas casas, muitas famílias também perderam seus entes queridos.
Lições
Atualmente, a tragédia na Vila Socó é um exemplo para que não se repitam descuidos com a segurança industrial. Se medidas de segurança tivessem sido adotadas, a tragédia poderia ter sido evitada. Desse modo, existem esforços para garantir que acidentes como esse não se repitam.