Paciente recupera a fala com ajuda de equipe do Hospital de Base

Paulo Henrique da Cruz, de 41 anos, nunca imaginou que teria de reaprender a falar. No dia 1º de junho, ele deu entrada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) com um quadro grave de traumatismo cranioencefálico (TCE), após ter sido brutalmente espancado durante uma tentativa de assalto em sua casa. Surpreendidos com sua presença no imóvel, os agressores o atacaram com violência, deixando não apenas lesões físicas, mas também marcas emocionais profundas.

“Ele chegou sem conseguir pronunciar uma palavra. A área do cérebro responsável pela linguagem ficou bem comprometida”, relata Aline Vaz, fonoaudióloga do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF). O diagnóstico foi de afasia – condição que afeta a capacidade de se expressar verbalmente. No caso de Paulo, ele compreendia tudo o que ouvia, mas era incapaz de responder com palavras.

Mesmo com as limitações iniciais, o silêncio de Paulo durou pouco. Com o apoio da equipe multidisciplinar e movido por uma grande força de vontade, ele começou a dar os primeiros passos para recuperar a fala. Comunicando-se com anotações em papel e gestos, buscava diariamente os profissionais nos corredores do hospital. “Era emocionante vê-lo tentando escrever e se expressar. Ele nunca desistiu”, lembra Aline.

A primeira palavra dita por Paulo foi o nome da fonoaudióloga Letícia. “Não aguentei, comecei a chorar e ela me abraçou”, contou. Um dos momentos mais marcantes da recuperação foi quando ele conseguiu avisar à equipe que era aniversário de seu filho. Emocionados, os profissionais gravaram um vídeo em que Paulo cantava parabéns, rompendo o silêncio com lágrimas de alegria.

Após 15 dias de internação, ele recebeu alta. Antes de sair, fez questão de escrever à mão o nome de todos os profissionais que o acompanharam. “Vocês me devolveram a voz. Hoje posso dizer ‘obrigado’, posso dizer que amo meu filho”, escreveu, com gratidão.

A psicóloga Luiza Gayaó, que acompanhou Paulo durante a internação, destacou o papel do vínculo emocional no processo de reabilitação. “A afasia gera sofrimento, porque a pessoa quer se comunicar e não consegue. O acolhimento fez com que ele se sentisse seguro e motivado.”

Para a terapeuta ocupacional Jackeline Rossi, a jornada de Paulo é inspiradora. “Ver um paciente recuperar a autonomia, a voz e a esperança é o que nos move todos os dias. Ele nos deu uma lição de persistência.”

Atualmente, Paulo segue o tratamento ambulatorial no próprio HBDF. Segundo a fonoaudióloga Ana Patrícia Queiroz, a evolução tem sido significativa. “Ainda há sequelas, mas ele está engajado, e isso faz toda a diferença. Acreditamos que ele irá avançar ainda mais.”

Ao se despedir da equipe, Paulo resumiu sua trajetória com simplicidade e emoção: “Se hoje eu posso falar, é graças a toda a equipe que me acolheu e me deu o suporte necessário. Sou imensamente grato.”

Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF)

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.